Uma viagem ao Alto Minho é uma experiência de sensações num espaço feito de muitos tempos. Nesta região ancestral, podemos sentir a Pré-História tocando em monumentos megalíticos, adentrar castros de povos antigos, admirar a força do Império Romano percorrendo vias e pontes feitas para a posteridade. Do gótico ao barroco, dos mosteiros aos castelos e fortalezas, viajamos ainda pelos Descobrimentos e regressamos às aldeias e cidades, que se mantêm vivas e genuínas.
Num projecto coordenado pela CIM Alto Minho, que une os dez municípios do Alto Minho (Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira), foram criadas dez rotas culturais. Estas permitem traçar um percurso de viagem – perfeito também para fazer em família – centrado ou num período histórico concreto, ou nos muitos recursos do património deixados ao longo de de várias épocas, seja num ou em vários municípios. É a Viagem no Tempo Alto Minho 4D.
Conteúdo deste artigo:
- 1 Como explorar a Viagem no Tempo Alto Minho 4D?
- 2 ROTA DA ARTE RUPESTRE E DO MEGALITISMO
- 3 ROTA DOS CASTROS
- 4 ROTA DO ROMANO
- 5 ROTA DO ROMÂNICO AO GÓTICO
- 6 ROTA DOS MOSTEIROS
- 7 ROTA DOS DESCOBRIMENTOS
- 8 ROTA DOS CASTELOS E FORTALEZAS
- 9 ROTA DO BARROCO
- 10 ROTA DA ARQUITECTURA TRADICIONAL
- 11 ROTA DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO
Como explorar a Viagem no Tempo Alto Minho 4D?
Em cada município do Alto Minho foi criada uma Estação do Tempo, um espaço físico, instalado num edifício histórico, que funciona como um portal de acesso a uma rota e está identificado com um cartaz do projecto Viajem no Tempo. Ao entrar nesse espaço, o visitante tem acesso a informações sobre a rota em ecrãs tácteis e a maquetes holográficas, podendo recolher o mapa com o itinerário desta, também disponível no site altominho.pt. A entrada e o mapa são gratuitos.
Nessas estações podemos assistir a um pequeno filme projectado com técnicas de videomapping e projeção dinâmica espacial, no espaço designado de Portal do Tempo – o espaço que cada Estação do Tempo designou para o efeito, em muitos casos com tecto abobadado para dar uma maior sensação de envolvência e viagem no tempo.
Cada sala destas tem confortáveis chaise longues para podermos observar o video projectado em altura, largura e profundidade e ainda jogando com elementos arquitectónicos ou esculturais aí existentes, como janelas, estátuas ou figuras. Desligadas as luzes, é tempo de nos recostarmos e nos deixarmos levar pela voz envolvente do actor António Durães, que nos conta a História revelada por cada rota, acompanhado por ilustrações ou imagens que se abrem em cores infinitas e movimentos que se sucedem, como a linha do tempo.
Imagens do filme de apresentação da Rota dos Castros. Ⓒ Vera Dantas
A verdadeira 4ª Dimensão é a que se pode viver tendo experiência ao vivo das rotas e nos seus pontos de paragem, vendo, ouvindo, tocando, sentindo aromas, texturas, o tempo quente ou frio, a chuva ou a neve. Não sabe por onde começar? Siga-me e descubra!
ROTA DA ARTE RUPESTRE E DO MEGALITISMO
Estação do Tempo de Caminha
DEPOIS DE MILHÕES DE ANOS, A MUDANÇA COMEÇA…
A Pré-História, a era anterior à escrita, é o período mais longo da existência humana, mas também aquele sobre o qual menos sabemos. Estende-se do Paleolítico, há 3 milhões de anos, até ao Neolítico, a Idade da Pedra Polida, que se iniciou no décimo milénio a.C. e se prolongou até ao terceiro milénio a.C.. No Neolítico os humanos viviam nos primórdios de uma nova organização social. As comunidades foram progressivamente abandonando o nomadismo, deu-se início à domesticação de animais e desenvolveu-se a agricultura e a cerâmica.
O Neolítico é-nos tão distante que poderia viver apenas no nosso imaginário, mas no Alto Minho deixou importantes vestígios: distribuídos por 15 lugares da região, encontram-se monumentos megalíticos como antas, dolmens e mamoas, que sobressaem na paisagem em que foram erguidos há milénios. Há também expressões artísticas na forma de gravuras gravadas nas rochas, que temos de procurar na vegetação envolvente., tesouros de arte rupestre. Sentimos algo de especialmente profundo quando percorremos os trilhos desbravados pelos nossos antepassados ancestrais e tocamos nas mesmas pedras que as suas mãos carregaram, esculpiram e pintaram.
São muitos os caminhos possíveis nesta rota. Em Ponte da Barca, há 3 pontos de interesse a conhecer: o Penedo do Encanto, a Necrópole Megalítica de Britelo (que podem antever neste video) e a Anta – Lapa da Moura. Esta, data da segunda metade do 5º milénio a.C., fica num local panorâmico da Serra Amarela e faz parte do Trilho do Megalitismo de Britelo – 11 km de caminhada moderada no coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês (pode consultar aqui o trilho).
A Estação Tempo da Arte Rupestre e do Megalitismo situa-se em Caminha, no edifício do Museu Municipal. A rota completa pode ser consultada online neste link.
A DESCOBRIR…
Vestígios da ocupação humana no Alto Minho no Neolítico
Núcleo Megalítico de Chã de Lamas- Paredes de Coura
Complexo Arqueológico Mezio-Gião – Arcos de Valdevez
Dólmen da Barrosa – Caminha
Lage das Fogaças- Caminha
Necrópole Megalítica do Planalto de Castro Laboreiro- Melgaço
Gravuras Rupestres do Fieiral – Melgaço
Necrópole Megalítica de Britelo – Ponte da Barca
Anta – Lapa da Moura- Ponte da Barca
Antas da Serra do Soajo – Arcos de Valdevez
Gravuras Rupestres no Monte de N. Sra. da Assunção – Monção
Penedo do Cavalinho, Monte de Santo Ovídio, Arcozelo – Ponte de Lima
Gravura do Monte dos Fortes, Taião – Valença
Gravuras Rupestres da Praia de Fornelos – Viana do Castelo
ROTA DOS CASTROS
Estação do Tempo de Monção
O verde que tinge o Minho é a cor de terrenos férteis em que água é abundante, quer pelas suas fontes e rios, quer pelas chuvas generosas. A ocupação que o Alto Minho vira já no Neolítico, continuou e expandiu-se entre o final da Idade do Bronze e o alvorecer da Idade do Ferro, entre 10.000 a.C e 500 a.C..
No despertar da era das civilizações, com a sedentarização e o surgimento das hierarquias sociais, foi a Cultura Castreja que emergiu no Noroeste da Península Ibérica, delimitada pelas águas do Cantábrico e do Atlântico. Estabeleceram-se povoados fortificados – castros e citânias, estas com dimensões mais extensas – e, só no Alto Minho, contam-se mais de 20 monumentos de Cultura Castreja, uma das maiores concentrações deste tipo património arqueológico a nível nacional. Apesar de muitos destes monumentos estarem soterrados, podemos visitar 10 povoados desta época.
AS ORIGENS CÉLTICAS DOS NORTENHOS
A maioria dos edifícios tem uma estrutura circular, com paredes em pedra e telhados de colmo, que fazem lembrar os que podemos ver em fortificados nas Ilhas Britânicas. Não é mera coincidência. A origem destes castros minhotos é atribuída aos Gallaeci, uma tribo celta, civilização muito presente na Península Ibérica e nas Ilhas Britânicas. O seu legado marcou a cultura de nortenhos, galegos e asturianos, que ainda hoje se consideram galaicos e partilham tradições, costumes e folclore.
Visitar estes povoados é não só sentir a memória das vidas dos nossos antepassados castrejos, como recordar, num cenário mágico, lendas célticas como as do Rei Artur e da espada Excalibur.
Uma coisa é certa: ninguém fica indiferente ao percorrer uma citânia como a de Santa Luzia, em Viana do Castelo. A mim, em pequenina, fazia-me sentir que estava a viajar para um passado distante. A citânia abrange uma grande extensão, com mais de 70 casas. Eu entrava nas casas com as minhas irmãs e fingíamos que morávamos lá. Algumas pedras compridas e lisas no interior das casas pareciam-nos camas. Esta citânia foi construída na Idade do Ferro mas, como muitas outras, foi mais tarde reaproveitada pelos romanos nos séculos III e IV.
Fica num lugar com uma das vistas mais bonitas do mundo, o monte de Santa Luzia.
A Estação do Tempo da Rota dos Castros fica em Monção, na Casamata da Porta do Rosal. Pode ver aqui um video com uma amostra do que vai encontrar ao longo desta rota.
A rota completa pode ser consultada online aqui.
A DESCOBRIR…
Castros e citânias no Alto Minho
Castro de São Caetano – Monção
Castro de Nossa Senhora da Graça – Monção
Miradouro e Castro de Santo Estevão – Ponte de Lima
Castro de Nossa Senhora D’Assunção – Monção
Castro de São Sebastião – Paredes de Coura
Povoado Fortificado de Cossourado – Paredes de Coura
Povoado Fortificado da Giesteira – Paredes de Coura
Povoado Fortificado de Romarigães – Paredes de Coura
Citânia de Santa Luzia – Viana do Castelo
Aro Arqueológico do Forte de Lovelhe – Vila Nova de Cerveira
Cividade de Âncora/ Afife – Caminha
ROTA DO ROMANO
Estação do Tempo de Ponte de Lima
Não é possível dissociar a paisagem de Ponte de Lima, a vila mais antiga de Portugal, da sua Ponte Romana. Esta ponte, do século I, era um elo fundamental na Via XIX de Antonino, que ligava Braga a Santiago de Compostela, dois importantes pólos de difusão do cristianismo na Península Ibérica à época. A ponte que hoje vemos conserva cinco arcos romanos, na margem direita do rio Lima. Na Idade Média houve uma deslocação da margem do rio para sul e a ponte foi alvo de uma intervenção que, felizmente, não prejudicou a sua estética, de uma beleza rara, acrescentando-lhe arcos em estilo gótico.
RIO LETHES, O RIO DO ESQUECIMENTO
A herança romana de Ponte de Lima guarda vive na sua memória colectiva. Na mitologia grega, adoptada pelos romanos, Lethes era a personificação do esquecimento e também um dos rios do Hades, o mundo dos mortos, que provocava o esquecimento da vida passada a quem bebesse das suas águas. Na era romana, o rio Lima chamava-se Lethes. Os limianos contam que em 135 a.C., os soldados do comandante legionário romano Decimus Junius Brutus se recusaram a atravessar as águas do rio, temendo serem vítimas do esquecimento. Décimus, que por boa razão era o comandante, atravessou o rio em primeiro lugar, sozinho e, chegado à outra margem, chamou os soldados um a um pelo seu nome, demonstrando que tudo não passava de uma superstição.
Quando estiver em Ponte de Lima, não deixe de dar atenção às esculturas evocativas desse episódio em ambas as margens. Na margem direita, pode ver uma figura alusiva ao legionário Décimus Junius Brutus. Com pode ver, o único risco que corre ao passar o rio Lima é o de achar é que todo o tempo é pouco para contemplar a inspiradora calma do seu espelho de água.
Percorrer uma via romana é uma experiência que todos devíamos ter pelo menos uma vez na vida, sobretudo se valorizamos a História, a nossa e a do mundo. No Alto Minho, Ponte de Lima, Paredes de Coura e Valença estão ligadas pela Via XIX de Antonino. Era um itinerário militar romano construído de forma inovadora, com várias camadas de pedra e argamassa, complementado por pontes robustas e mansiones (pousadas) onde os viajantes podiam pernoitar e deixar os seus cavalos entregues aos serviços de cavalaria e ferraria. A Via XIX de Antonino Ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica (Astorga, na Galiza). Ao longo de todo o percurso, eram colocados marcos miliários, blocos graníticos de forma cilíndrica nos quais estava inscrita a distância percorrida na via, milha a milha (cada milha correspondia a mil passos de um romano, equivalentes a 1480 metros).
Os séculos passaram e, na Idade Média, esta via era utilizada pelos peregrinos para Santiago de Compostela Esta via era também utilizada na época medieval como caminho para Santiago de Compostela, trajeto que hoje volta a ser percorrido por milhares de peregrinos.
A Estação do Tempo do Romano situa-se em Ponte de Lima, na Casa do Arnado, um edifício rosa junto à margem direita da ponte romana (veja a foto na abertura deste artigo).
Pode ver um curto video do que irá encontrar, neste link.
A Rota do Romano completa pode ser consultada online aqui.
A DESCOBRIR…
Património do Império Romano no Alto Minho
Casa do Arnado – Estação do Tempo do Romano – Ponte de Lima
Via Romana de Braga a Tui – 14 Marcos Miliários, Série Capela – Ponte de Lima,
Paredes de Coura e Valença
Via XIX de Antonino e Marcos Miliários – Paredes de Coura
Cividade de Âncora/Afife – Caminha
Estação Arqueológica do Forte de Lovelhe – Vila Nova de Cerveira
Ponte da Rebouça – Monção
Ponte Nova ou da Cava da Velha – Melgaço
Recinto Militar Romano do Alto da Pedrada – Arcos de Valdevez
Pedra dos Namorados – Ponte da Barca
ROTA DO ROMÂNICO AO GÓTICO
Estação do Tempo de Ponte da Barca
A Bacia do rio Lima vive na Idade Média tempos áureos de desenvolvimento e isso permite construir novos templos e mesmo ampliar os já existentes, por encomenda sobretudo dos bispos, como o de Braga. No Alto Minho a arquitectura românica é visível sobretudo em igrejas, mas também em mosteiros, castelos e pontes, construídos entre os séculos XII e XIII. Mais do que um estilo, o românico reflecte toda uma época.
A partir do século XIII, surgem manifestações do gótico nesta região, visíveis nos arcos quebrados, e em abóbadas de cruzamento de ogivas. É um novo estilo que irá evoluir a passo com o crescimento urbano das povoações do Alto Minho.
O PRIMEIRO ESTILO ARTÍSTICO EUROPEU
Nos finais do século XI, a Península Ibérica começa a sentir a influência da chegada de várias ordens religiosas como as de Cister e dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, bem como de ordens militares como as dos Templários e Hospitalários. Portugal, acabado de nascer, é governado pelo rei D. Afonso Henriques e é no seu reinado que a arquitectura românica se expande. Considerado o primeiro estilo artístico europeu, comum aos reinos de então, a riqueza do românico está, como a identidade europeia de hoje, na sua diversidade regional.
São 18 os principais monumentos a descobrir nesta Rota do Românico ao Gótico. Destaco aqui um dos monumentos mais importantes do românico: a Igreja do Mosteiro de Bravães, em Ponte da Barca, do século XII. Neste antigo mosteiro beneditino, a extraordinária rosácea com vitrais, os ornamentos do pórtico e dois delicados frescos que mantêm o encanto das suas cores convidam à contemplação. À volta, os caminhos são os do percurso pedestre do Românico, com tanto mais a descobrir.
A Estação do Tempo da Rota do Românico ao Gótico fica em Ponte da Barca, na Sede da Junta de Vila Nova de Muía. A rota completa pode ser consultada online aqui.
A DESCOBRIR…
Monumentos românicos e góticos no Alto Minho
Capela de Nossa Sra. Da Conceição – Arcos de Valdevez
Capela de S. João Batista da Comenda de Távora – Arcos de Valdevez
Igreja de Sta. Maria dos Anjos – Valença
Capela da Sra. Da Orada – Melgaço
Ponte de Vilar de Moutros – Caminha
Igreja de Bravães – Ponte da Barca
Capela do Espírito Santo – Ponte da Barca
Mosteiro de S. Martinho de Castro – Ponte da Barca
Igreja Matriz – Ponte de Lima
Ponte Romano-Medieval de Rubiães – Paredes de Coura
Igreja de S. Cláudio de Nogueira – Viana do Castelo
Igreja de S.Pedro de Rubiães – Paredes de Coura
Igreja das Almas – Viana do Castelo
Ponte do Mouro – Monção
Capela do Anjo da Guarda – Ponte de Lima
Igreja Matriz – Melgaço
Capela de Santa Luzia de Campos – Vila Nova de Cerveira
Ponte sobre o Rio Lima – Ponte da Barca
ROTA DOS MOSTEIROS
Estação do Tempo do Tempo de Melgaço
A par da construção de igrejas românicas, surgiram no século XII imponentes mosteiros no Alto Minho. Só nos vales do Lima e do Minho existem 22 mosteiros e 19 conventos, erguidos no final da Idade Média e pertencentes a várias ordens monásticas, alguns exclusivos para o género masculino, outros para o feminino. São símbolo e marca da identidade do Alto Minho, com uma importância que se reflecte em classificações como as de monumentos nacionais.
A recordar-nos que o país nasceu a Norte, vários destes mosteiros estão ligados ao primeiro rei, D. Afonso Henriques e à sua mãe, a rainha D. Teresa. A rainha-mãe terá fundado o Mosteiro de Ermelo, em Arcos de Valedevez, no início do século XII. No mosteiro viviam os monges da Ordem de Cister, dedicados a uma vida simples preenchida sobretudo pelo cultivo das terras. O Mosteiro de Ermelo tem uma localização singular no sopé de uma montanha, com uma vista privilegiada sobre a bacia do rio Minho.
FOTO Mosteiro de Ermelo, em Arcos de Valdevez
Também da Ordem de Císter era o Mosteiro de Fiães, no estilo sóbrio característico dos cistercenses. Tanto este mosteiro como o Mosteiro de Sanfins de Friestas, em Valença, receberam a carta de couto de D. Afonso Henriques, o que significava que o mosteiro e as terras envolventes se tornavam um lugar circunscrito, com o privilégio de proibição de entrada de funcionários régios, com justiça própria e isentos de impostos à Coroa, ou seja, um senhorio euclesiástico.
Durante os mais de 100 anos desde a fundação do país até à conquista definitiva do Algarve, em 1250, os reis de Portugal, constantemente em guerra contra os mouros que ocupavam o território, tinham que garantir o povoamento das terras conquistadas. A solução foi a distribuição de benesses a nobres, militares, igrejas e mosteiros, atribuindo-lhes terras, que se tornavam zonas privilegiadas.
O PODER MEDIEVAL: ENTRE A COROA E OS SENHORIOS
As ordens religiosas acompanharam a formação do território, contribuindo para a colonização e desenvolvimento das áreas que ocupavam, afirmando o seu poder monástico. Mas com o tempo foram-se intensificando os abusos nestes coutos, que se assumiam como poderes locais, incluindo o abuso de aposentadoria e pousada nos mosteiros, por parte de padroeiros nobres, que disputavam o poder dos coutos. A partir do século XIII, os monarcas acabariam por tomar medidas para reprimir esses abusos e garantir uma maior centralização do poder.
A Estação do Tempo da Rota dos Mosteiros fica em Melgaço, na Torre de Menagem do Castelo.
A rota completa pode ser consultada online aqui.A DESCOBRIR…
Mosteiros e conventos no Alto Minho
Mosteiro de S. João d’Arga – Caminha
Igreja do Mosteiro de Bravães – Ponte da Barca
Mosteiro e Igreja de Ermelo – Arcos de Valdevez
Convento de Paderne – Melgaço
Mosteiro de Fiães – Melgaço
Mosteiro de Merufe – Monção
Mosteiro de S. João D’Arga – Caminha
Mosteiro de São João de Longos Vales – Monção
Mosteiro de Sanfins – Valença
Mosteiro de Vila Nova Muía – Ponte da Barca
Convento de São Domingos – Viana do Castelo
Mosteiro de Refoios – Ponte de Lima
Convento Beneditino de Ganfei – Valença
Convento de S. Romão do Neiva – Viana do Castelo
Convento de S. Paio – Vila Nova de Cerveira
Convento dos Capuchos – Monção
ROTA DOS DESCOBRIMENTOS
Estação do Tempo de Viana do Castelo
Viana do Castelo é um espelho do oceano e da sua história. Banhada pelo Atlântico e pelo rio Lima, esta cidade costeira está ligada ao comércio e aos transportes marítimos e fluviais desde a antiguidade. Terra de pescadores, marinheiros e navegadores, Viana teve um importante papel na Expansão Marítima Portuguesa. A história dos nossos Descobrimentos teria uma narrativa diferente sem os vianenses.
No século XVI, era no porto de mar de Viana que era descarregado o “ouro branco”, o açúcar que os portugueses tinham começado a produzir na Madeira e no Brasil, para depois ser comercializado com os portos do Norte da Europa. Também de lá saíam sal e vinho, para serem trocados por panos ingleses e bacalhau seco. Este comércio traria prosperidade à cidade, dando origem a muitos edifícios de enorme valor histórico-cultural que ainda hoje podemos encontrar no seu centro histórico. O antigo edifício dos Paços do Concelho é disso um bom exemplo: foi mandado erigir pelo rei D. Manuel I em pleno século XVI.
Além de Viana, também Caminha se distinguiu como núcleo atlântico na epopeia dos Descobrimentos e, a apoiá-las, estiveram as terras do interior do Alto Minho, fornecendo matérias-primas como madeiras, couros, carnes e utensílios, essenciais para equipar as armadas.
Mas esta é uma odisseia sobretudo de pessoas de coragem e de grande valor, empreendedores capazes de moverem os meios necessários e de fazerem muitas outras seguirem no seu encalço. E o Minho foi prolífero em protagonistas nesta aventura. Um dos navegadores e armadores portugueses mais importantes foi o vianense João Álvares Fagundes. Entre 1520-21, organizou várias expedições às costas da América do Norte e aos Grandes Bancos da Terra Nova, onde explorou várias ilhas. A ele se deve o reconhecimento de parte da costa canadiana, nomeadamente da Nova Escócia. Pelos seus feitos, D. Manuel I concedeu-lhe o título de cavaleiro.
PÊRO GALEGO, O AVENTUREIRO TEMIDO PELOS MOUROS
Pêro Galego ficou na História como um dos mais célebres aventureiros do reinado de D. João III. Depois de combater valentemente em África, regressou a Viana, onde recrutou 30 jovens para o acompanharem num barco que fretou a um armador da cidade. Nos mares circundantes da costa portuguesa, atacou uma galé argelina a canhão, derrubando a tripulação e levando a galé para o Algarve. O êxito do ataque e os ganhos da venda do produto do saque encheram de ânimo Pêro Galego e os seus homens, que se tornaram corsários temidos, espalhando o terror na costa do Norte de África, combatendo outros piratas, o que em muito aliviava a tensão sobre a coroa para defender a costa portuguesa dos ataques dos mouros.
A casa onde viveu, na Viela da Parenta em Viana do Castelo, ostenta na fachada um baixo relevo de uma caravela, marca do homem do mar que a habitava.
O manuelino, estilo artístico e arquitectónico da época dos Descobrimentos recebeu o nome do rei que iniciou a aventura dos Descobrimentos, D. Manuel I, o Venturoso. O Paço do Marquês, em Ponte de Lima faz-se notar pela sua fachada com janelas manuelinas.
A Capela dos Mareantes, integrada na Igreja Matriz de Viana do Castelo, foi fundada pela confraria dos mareantes e exibe um soberbo retábulo em estilo rococó, além de uma réplica setecentista de uma caravela holandesa com uma escala de dimensão considerável.
A Estação do Tempo da Rota dos Descobrimentos fica em Viana do Castelo, no Hospital Velho, onde também está instalado o Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa.Pode ver aqui um pequeno video do que irá encontrar.
A rota completa pode ser consultada online aqui.
A DESCOBRIR...
Património dos Descobrimentos no Alto Minho
Casa de Pêro Galego – Viana do Castelo
Casa de João Velho – Viana do Castelo
Casa de Miguel de Vasconcelos – Viana do Castelo
Antigos Paços do Concelho, Chafariz e Misericórdia – Viana do Castelo
Estátua de Viana
Capela dos Mareantes – Viana do Castelo
Capela de Santa Catarina – Viana do Castelo
Igreja Matriz e Capela de São Sebastião – Monção
Centro Interpretativo Fernão de Magalhães – Ponte da Barca
Igreja Matriz – Caminha
Paço do Marquês – Ponte de Lima
Pelourinho – Arcos de Valdevez
ROTA DOS CASTELOS E FORTALEZAS
Estação do Tempo do Tempo de Valença
Erguidos, reforçados ou reconstruídos desde o período castrejo até às Guerras Liberais, monumentos como muralhas, castelos, fortes e fortificações são testemunhas de batalhas e cercos, tesouros que engrandecem as aldeias, vilas e cidades no Alto Minho. Muito mais do que construções, continuam a ecoar nos corações dos seus habitantes como uma memória de dor, resistência e orgulho.
DE PRIMOS A REIS ORGULHOSOS
Na era da reconquista cristã aos mouros, o cavaleiro francês D. Henrique da Borgonha veio em auxílio do rei D. Afonso VI de Leão, Castela e Galiza. Recebeu do rei, como recompensa, o governo do Condado Portucalense, que ia do Minho do Tejo, e a mão da filha do rei, D. Teresa. É desta união que nasce D. Afonso Henriques, o grande Conquistador e nosso primeiro rei. Quando D. Afonso VII de Leão e Castela reconhece oficialmente o reino de Portugal, no Tratado de Zamora (1143), D. Afonso I já usava o título de rei há três anos. É que, em 1140, o nosso D. Afonso derrotara o primo, D. Afonso VII, no torneio de Arcos de Valdevez. No Alto Minho, portanto.
Entre os mais antigos monumentos defensivos estão os castelos fronteiriços: Monção, Melgaço. Cerveira e Castro Laboreiro, todos estes a reforçar a barreira natural formada pelo rio Minho. As ruínas do Castelo de Castro Laboreiro, erguido no século XII, no cume do monte com o mesmo nome, têm vistas desmedidas para as montanhas do Gerês. Para lá chegar é preciso fazer uma caminhada que é um passeio de ar puro.
Bem perto, em Melgaço, destaca-se na paisagem a sua muralha e castelo, que ganharam o epíteto de “sentinela do Portugal medieval” porque, ao contrário dos castelos anteriores à nacionalidade e das posteriores fortificações ribeirinhas de Caminha, Valença, ou Monção, foi concebida como uma estrutura capaz de defender a povoação aí existente no século XII. Era, nessa época, o principal ponto estratégico militar no Alto Minho, garantindo a vigia das travessias da Galiza. A Torre de Menagem homenageia esse legado com um museu que conta, nos seus três andares, a história do património arquitectónico, histórico e cultural do Melgaço.
Na vila raiana de Monção, a grande fortaleza rodeia o seu povoado mais antigo e era uma das fortificações da linha defensiva estratégica da margem esquerda do rio Minho, ao longo da costa do Atlântico. Foi D. Dinis quem mandou erguer a muralha e o castelo primitivos no século XIV, dos quais pouco resta. A imponente e bem preservada fortaleza barroca abaluartada que hoje encontramos foi construída no século XVII, em plena guerra da restauração, com a técnica de defesa “Vaudan”, que lhe conferiu a forma estrelada e lhe permitiria resistir aos fortes ataques de artilharia.
UMA PORTA ANTES FECHADA, AGORA SEMPRE ABERTA
Das cinco portas originais da Fortaleza setecentista de Valença, quatro ainda subsistem. Há que elogiar o sentido de ironia dos monçanenses: à porta que fica voltada de frente para Salvaterra, na margem galega do rio Minho, chamaram “Porta de Salvaterra”, quando a sua função era precisamente a de impedir a entrada dos inimigos vindo das Galiza. Os séculos passaram e galegos e minhotos vêem-se hoje como irmãos. Entre a face norte da muralha e o rio, Monção ganhou recentemente uma nova zona de lazer, um bucólico passadiço de madeira que faz a ligação entre o centro histórico e a zona ribeirinha. Por ficar mesmo em frente a Espanha, recebeu o nome de “A Galiza mail’o Minho, numa homenagem ao poeta monçanense João Verde. Se antes as portas das nações vizinhas de fechavam, hoje vivem unidas. O poema de João Verde ilustra bem essa união:
“Vendo-os assim tão pertinho / a Galiza mail’ o Minho / são como dois namorados / que o rio traz separados / quasi desde o nascimento. / Deixal-os, pois, namorar / já que os paes para casar / lhes não dão consentimento”.
O Alto Minho tem vários fortes e fortalezas construídas para resistirem às novas tácticas de guerra a partir do século XVI, com a difusão da artilharia. Enfrentaram o domínio filipino, as Guerras da Restauração e da Sucessão.
O MILITAR ALEMÃO QUE REORGANIZOU O EXÉRCITO PORTUGUÊS
A reforma da estrutura defensiva portuguesa no século XVII está ligada a uma figura histórica que merece ser aqui recordada: Frederico Guilherme Ernesto de Schaumburg-Lippe, o conde de Lippe. Este prestigiado marechal-general alemão esteve ao serviço do Exército português durante a Guerra Fantástica, iniciada em 18 de Maio de 1762, quando Portugal declarou guerra à Espanha e à França devido à violação de fronteiras. O conde de Lippe criou uma nova organização do Exército português e foi responsável por restaurar várias fortalezas e completar o sistema defensivo nacional. Ao longo de 15 anos, além do trabalho de estratégia defensiva, o conde de Lippe implementa uma medida de ordem ética, fundamental para o prestígio do Exército nacional: acaba definitivamente com as promoções por favor, adoptando critérios de competência e mérito. Passa a ser-se nobre por se ser oficial e deixa de haver oficiais que o eram só por serem nobres. Um passo para o fim dos privilégios da nobreza, que merece louvor. Ainda hoje, o conde Schaumburg-Lippe é reconhecido pelo ramo militar como um grande estratega do Exército Português.
A mais impressionante estrutura defensiva da raia minhota é a Fortaleza de Valença, originária do século XIII e completamente reformada na segunda metade do século XVII. Com cerca de 5 km de perímetro, é não só uma das mais monumentais fortificações portuguesas, como um exemplo mundial da arquitetura militar abaluartada. O seu complexo sistema defensivo é formado por 10 baluartes, além de casamatas, paióis, portas e outras estruturas. Valença tornou-se assim numa Praça-forte, com passagens inferiores e fossos. Mais de 300 anos depois da sua construção, a Fortaleza de Valença encontra-se em excelente estado de conservação e pode ser visitada em toda a sua extensão.
A magnificência desta fortaleza consegue guardar espaços de completa paz. Ao visitar a fortaleza, pude deleitar-me com a visão de um rebanho de ovelhas guardado por uma velha pastora. É que Valença tem essa força, mantém-se viva e genuína porque sabe valorizar os seus habitantes.
Num ambiente de bucolismo campestre, o Castelo de Lindoso, em Ponte da Barca, faz a ponte entre o românico, com uma muralha sem torres, e o gótico, com uma Torre de Menagem. Nesta vai encontrar um museu com uma sala de armas que exibe um espólio militar entre os séculos XIV e XIX, e um importantes achados arqueológicos provenientes de escavações na área envolvente.
A Estação do Tempo da Rota dos Castelos e Fortalezas fica em Valença, no Paiol do Campo de Marte (cuja foto está publicada no início deste artigo). Pode ver neste link um pequeno video do que irá encontrar. Não deixe de ver com atenção a detalhada maquete da Fortaleza de Valença que aí se encontra exposta.
A rota completa pode ser consultada online aqui.
A DESCOBRIR…
Castelos e fortalezas no Alto Minho
Paço de Giela – Arcos de Valdevez
Forte da Lagarteira – Vila Praia de Âncora
Forte da Ínsua – Moledo, Caminha
Torre do Relógio – Caminha
Torre da Lapela – Monção
Forte do Cão – Gelfa, Caminha
Fortaleza de Valença
Castelo e Fortaleza de Monção
Forte do Tuído – Valença
Torre de S. Paulo, Torre da Cadeia e Vestígios da Fortificação Medieval – Ponte de Lima
Forte de Paçô – Carreço, Viana do Castelo
Forte de Lovelhe – Vila Nova de Cerveira
Castelo e Muralha de Melgaço
Forte de S. Tiago da Barra – Viana do Castelo
Fortim da Areosa – Viana do Castelo
Castelo de Lindoso – Ponte da Barca
Castelo de Cerveira
Castelo de Castro Laboreiro
ROTA DO BARROCO
Estação do Tempo de Arcos de Valdevez
A OPULÊNCIA NO PAÍS REERGUIDO
O Barroco chegou a Portugal mais tardiamente do que no resto da Europa. Foi preciso recuperarmos dos estragos da ocupação filipina e da Guerra da Restauração. Quando nos reerguemos, na segunda metade do século XVII, surgem por todo o Alto Minho construções (ou renovações) em estilo barroco de âmbito religioso, civil e até militar. Inicia-se então uma das épocas mais férteis em obras monumentais marcadas pelo uso de azulejo, talha dourada, pintura e cenografia, num estilo que transmite movimento, requinte e, não raramente, opulência.
No Norte de Portugal setecentista, com mais população e recursos económicos do que o resto do país, as construções barrocos são numerosas, sobretudo no Porto, com património notável como a Igreja e Torre dos Clérigos, e em Braga. No Alto Minho, Arcos de Valdevez tem alguns dos mais ricos legados de arte barroca. Fez todo o sentido, nesse contexto, criar nessa vila o Centro Interpretativo do Barroco, na Igreja do Espírito Santo que assim se alia a este projecto Alto Minho Viagem no Tempo 4D com o Portal do Tempo da Rota do Barroco. Inteiramente renovada, esta igreja, no coração de Arcos de Valdevez, proporciona visitas guiadas com realidade aumentada – através da projecção de hologramas – e realidade virtual.
Entre o património barroco da região do Alto Minho encontramo-nos, numa primeira fase de transição do século XVII para o século XVIII, igrejas rurais de influência renascentista, e, posteriormente, obras de maior envergadura encomendadas por ordens religiosas, irmandades e misericórdias, que levaram à remodelação dos interiores dos templos. Foi o caso em Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca e Ponte de Lima, cujos interiores ganharam belíssimos ornamentos e altares em madeira esculpida coberta a talha dourada.
Com a fortuna conquistada no Brasil, os emigrantes de torna-viagem investem na construção dos seus palácios, solares igrejas e capelas. Em Monção, o Palácio da Brejoeira é um dos mais deslumbrantes solares nortenhos do século XIX, em que o estilo neoclássico se funde com detalhes barrocos e românticos, do solar ao Jardim de Inverno, Capela, Teatro, grutas e lago artificial com uma pequena ilha.
A Estação do Tempo do Barroco fica em Arcos de Valdevez, na Igreja do Espírito Santo. Neste Portal do Tempo, o video 4D que apresenta a Rota do Barroco é projectado de forma a destacar as figuras escultóricas e os elementos decorativos do espaço. Espreite neste video o que vai poder encontrar.
A rota completa pode ser consultada online aqui.
A DESCOBRIR…
Monumentos do Barroco no Alto Minho
Palácio da Brejoeira – Monção
Igreja da Misericórdia – Monção
Igreja do Espírito Santo / Centro Interpretativo do Barroco – Arcos de Valdevez
Igreja Matriz – Arcos de Valdevez
Igreja de N.ª Sr.ª da Lapa – Arcos de Valdevez
Igreja de N.ª Sr.ª da Agonia – Viana do Castelo
Igreja de S. Domingos – Viana do Castelo
Solar de Bertiandos – Ponte de Lima
Santuário de N.º Sr. do Socorro – Ponte de Lima
Igreja da Misericórdia – Ponte da Barca
Mercado Pombalino – Ponte da Barca
Igreja Matriz – Ponte da Barca
Capela Militar do Bom Jesus – Valença
Portal da Quinta do Castro – Valença
Igreja da Misericórdia – Caminha
Fonte de S. João – Melgaço
Igreja Paroquial de S. Pedro de Gondarém – Vila Nova de Cerveira
Capela de Ecce Homo – Paredes de Coura
ROTA DA ARQUITECTURA TRADICIONAL
Estação do Tempo de Paredes de Coura
Esta rota da Viagem no Tempo Alto Minho 4D faz a ligação da história da região ao modo de vida do seu povo. Ao percorrer as outras rotas irá inevitavelmente cruzar-se com esta dimensão. Casas tradicionais, moinhos, espigueiros e brandas são os tesouros com que, justamente, identificamos o Minho rural e as suas aldeias, com raízes que se perdem no tempo. Cada vez mais, precisamos de visitar, conhecer e estimar estes lugares.
Os vianenses, como eu, conhecem bem a luz do Farol de Montedor, junto à praia de Carreço. À noite, continua a guiar os barcos no escuro. Mas, de dia, a encosta de Montedor destaca-se pelos seus antigos moinhos de vento, agora já sem velas, mas que continuam a moldar a paisagem e a evocar os tempos passados. O vento, esse, raramente deixa de soprar por lá…
A aldeia do Sistelo, no concelho de Arcos de Valdevez, mantém a sua autenticidade e continua habitada pelos habitantes, mas e combina a arquitectura tradicional com um percurso de caminhada entre arvoredo, rio e cascatas. Os passadiços do Sistelo são em madeira mas juntam-se a troços originais em pedra ou terra ao longo dos campos. A paisagem é regeneradora, com vistas abertas para os campos em socalcos ou entre ramagens e quedas de água que se podem tocar.
Não vos sei dizer quantas vezes passeei, em criança, nas montanhas do Soajo e do Lindoso e brinquei à volta dos seus espigueiros em granito. No Verão, encontrava muitas vezes os agricultores a encherem os espigueiros com as espigas amarelas ou vermelhas. São imagens, sons e cores que trago gravados na minha memória. E alegra-me saber que estas aldeias continuam a cultivar os campos e a usar os espigueiros para aquilo que foram feitos. Os minhotos sabem prezar as suas heranças. É isso que os torna tão especiais e francos.
A Estação do Tempo da Rota da Arquitectura Tradicional sita-se em Paredes de Coura, no Museu Regional.
A rota completa pode ser consultada online aqui.
A DESCOBRIR…
Arquitectura tradicional no Alto Minho
Paisagem cultural do Sistelo – Arcos de Valdevez
Espigueiros do Soajo – Arcos de Valdevez
Eira Comunitária de Porreira – Paredes de Coura
Aldeia de Vascões – Paredes de Coura
Museu Regional de Paredes de Coura
Aldeia de Bico – Paredes de Coura
Meias- casas da Rua dos Pescadores – Caminha
Branda de Sto. António de Vale de Poldros – Monção
Moinho de Estourãos – Ponte de Lima
Espigueiros do Lindoso – Ponte da Barca
Brandas Inverneiras de Castro Laboreiro – Melgaço
Moinhos de Vento de Montedor – Viana do Castelo
Núcleo Interpretativo dos Moinhos da Gávia – Vila Nova de Cerveira
ROTA DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO
Estação do Tempo do Tempo deVila Nova de Cerveira
Eis-nos chegados ao passado recente, moderno e ao momento presente, contemporâneo. O Alto Minho não parou no tempo, evolui mas transforma-se sem abandonar o seu grande património, presta homenagem aos seus conterrâneos, fomenta projectos artísticos e brinda os visitantes com águas termais.
A Ponte Eiffel, que atravessa o Lima e desemboca no coração de Viana do Castelo, é uma obra que resiste e ainda está em uso. O meu pai, como tantos vianenses, afirmava com orgulho: “Diziam que não ir durar até aos 100 anos, e vejam como ela continua firme! O Eiffel sabia o que fazia.” E é verdade. Cumpriu este ano o seu 143º aniversário e não parece que vá reformar-se tão cedo.
Inaugurada em 1878, oito anos depois da ponte Eiffel, a ponte também rodo-ferroviária de Valença passa a ligar Tui, na Galiza, à nossa Valença. Ao contrário da de Viana, na qual a sua construção foi inspirada, nesta ponte o comboio passa no tabuleiro superior e são os carros que passam no tabuleiro inferior. A sensação de a atravessar de carro, entre as sombras e as formas cruzadas da treliça metálica, é a de uma experiência de rara beleza proporcionada pela arquitectura dos engenheiros das pontes férreas do século XIX.
Além dos muitos pontos de interesse de arquitectura moderna de que podemos usufruir no Alto Minho, como o Templo de Santa Luzia, ou contemporânea, como o Edifício da Biblioteca Municipal de Caminha, há um edifício que merece uma visita muito especial. Trata-se do Centro de Educação e Interpretação Ambiental, Paredes de Coura (foto acima). Por ter sido inserido na antiga “Colónia Agrícola da Boalhosa”, um projecto muito especial em finais da década de 1950, o edifício foi concebido para se integrar naquele espaço harmoniosamente. O edifício principal é revestido a madeira e encontra-se rodeado de carvalhos, cedros e vidoeiros, elevado à altura da copa das árvores, com pilares que mimetizam os troncos das árvores. Lá dentro, podemos ficar a conhecer os recursos naturais da Paisagem Protegida do Corno de Bico.
A Estação do Tempo do Moderno ao Contemporâneo fica em Vila Nova de Cerveira, no Fórum Cultural.
A rota completa pode ser consultada online aqui.
A DESCOBRIR…
Património moderno e contemporâneo no Alto Minho
Parque Termal do Peso – Melgaço
Biblioteca Municipal – Caminha
Termas de Monção e Parque Termal – Monção
Escultura ao Recontro de Valdevez – Arcos de Valdevez
Oficinas de Criatividade Himalaya – Arcos de Valdevez
Santuário de Santa Luzia – Viana do Castelo
Ponte Eiffel – Viana do Castelo
Biblioteca de Conjunta da Praça da Liberdade – Viana do Castelo
Centro de Estudos e Interpretação Ambiental da PPCB – Paredes de Coura
Edifício do Gabinete Terra do Município de Ponte de Lima
Central Hidroelétrica de Paradamonte – Ponte da Barca
Ponte Metálica Sobre o Rio Minho – Valença
Cervo de José Rodrigues – Vila Nova de Cerveira
Fórum Cultural de Cerveira – Vila Nova de Cerveira
Roteiro da Artes – Vila Nova de Cerveira
Central Hidroelétrica de Covas – Vila Nova de Cerveira