Início da viagem de barco no World of Discoveries Porto

Portugal comemorou no ano passado os 600 anos da tomada de Ceuta, o primeiro marco da expansão marítima portuguesa. No Porto, podemos viver numa experiência sensorial a aventura dos Descobrimentos do World of Discoveries (WoD) em qualquer dia.

Foi nos estaleiros de Miragaia que se construíram grande parte das 240 embarcações, equipadas com 19.000 soldados, que conquistaram Ceuta sob ordens do também portuense Infante D. Henrique. Pois é em Miragaia que o WoD evoca a maior epopeia que Portugal viveu. Para o empreendimento de Ceuta, o povo entregou toda a carne que tinha, ficando apenas com as tripas, o que daria origem às Tripas à Moda do Porto, o mais típico prato da cidade, responsável ainda pela alcunha de tripeiros que os seus habitantes ostentam com orgulho.

Mais de meio milénio depois, o Porto evoca a época mais gloriosa da história de Portugal de forma lúdica e também pedagógica, pois em cada espaço há guias, trajados à época, prontos a dar vida à História. Logo à entrada o Infante D. Henrique, holograma em tamanho real, recebe os visitantes e conta-lhes as suas façanhas, dando o mote à viagem.

A visita tem início no espaço museológico, na sala Intentos e Inventos,  em que estão expostas réplicas em miniatura com detalhes precisos das diferentes embarcações construídas pelos portugueses para a grande empreitada marítima. As primeiras, mais pequenas e frágeis e menos conhecidas, são a barca e o barinel. Foi em barcas, com tripulações de apenas 20 homens, que se redescobriu o arquipélago da Madeira e se alcançou os Açores e foi numa barca que Gil Eanes conseguiu, após dozes anos de tentativas, ultrapassar o Cabo Bojador.

Nau no World of Discoveries

Nau

Os expositores exibem ainda uma nau, uma caravela e uma caravela de armada – as embarcações que o nosso imaginário associa aos Descobrimentos. Ecrãs tácteis dão-nos as explicações técnicas e o contexto histórico de cada embarcação. A beleza e engenharia destes veículos transparece nesta sala e olhando para as miniaturas à escala torna-se ainda mais surpreendente o feito dos navegadores. Podemos agora começar a imaginar o impacto que teria a visão de uma destas grandes embarcações a galgar as ondas. Tornam-se claros o espanto e o deslumbramento que causariam e a vontade de aventura que despertaria nos muitos portugueses que nelas partiram arriscando a vida.

Segue-se o espaço Mundos ao Mundo, em que as estrelas são dois globos interactivos em 4D – escolhe-se o ano a explorar e a imagem do globo gira até estabilizar no mapa correspondente ao mundo conhecido e às fronteiras da época. É uma experiência irresistível até para adultos, pelo efeito de viagem no tempo que emana das suas luzes, cores e movimento. Numa série de painéis com ecrãs tácteis podemos ainda aprender (ou recordar) muito sobre os principais navegadores e a vida a bordo das embarcações, a ciência e engenharia quinhentistas, arte e cultura e mesmo mitos, inevitáveis quando se encara o desconhecido.

Entra-se na sala seguinte, forrada a madeira e escura, e percebe-se que se está no interior de uma embarcação. Um rinoceronte evoca o majestoso exemplar desta espécie trazido pelos portugueses. Ao lado, camas de madeira cobertas de palha, a comida e as armas utilizadas pelos tripulantes, tesouros preciosos como pedras valiosas e especiarias. Chega-se enfim a um estaleiro, em que um carpinteiro e o seu aprendiz constroem uma nau.

Vera Dantas no Estaleiro Quinhentista de Miragaia do World of Discoveries

No Estaleiro Quinhentista de Miragaia do World of Discoveries

À saída do estaleiro, mais um guia seiscentista ajuda os aventureiros a embarcar e a equiparem-se com o audioguia. E começa a viagem náutica. Logo se ouve o som de um disparo de canhão e à nossa frente ergue-se um jacto de água! É a conquista de Ceuta.

Atravessado o deserto, entramos nas entranhas do Adamastor, num túnel de ondas tempestuosas que nos levam pelo Mar Tenebroso adentro. Saídos da agitação, chegamos à África Negra, antes de adentrarmos nas florestas tropicais em que pássaros verdadeiros dão vida ao cenário povoado de leopardos, gorilas e elefantes. O barco entra então num novo espaço com cheiro a incenso… é a majestosa Índia que nos espera.

Vasco da Gama na Índia WoD

Vasco da Gama na Índia, cenário do WoD

Logo depois, Timor recebe-nos com um sorriso no rosto de uma indígena que parece pronta a falar connosco, não fosse ela uma manequim. Ainda a Oriente, navegamos pela China, com o fogo do dragão chinês e a contemplação de um pavilhão de chá e passamos por Macau, até que se chega ao Japão, onde o cenário evoca um famoso episódio relatado por Fernão Mendes Pinto. Segundo o cronista, os portugueses ofereceram uma espingarda, a primeira arma de fogo que existiu em qualquer terra japonesa, ao governador da ilha de Tanegashima.  O último destino é o Brasil, onde a viagem acaba com a colocação de um padrão, marco de pedra com as armas portuguesas, que se destinava a afirmar a soberania portuguesa no local em que era deposto.

A viagem de barco imprime à visita um tempo lento agradável e raro hoje em dia, que nos obriga a abrandar para viver a experiência dos Descobrimentos com a calma contemplativa que merecem, destino a destino. E como vale a pena! No final, saí do edifício e cá fora esperava-me um dos melhores destinos: o Porto! Histórico, genuíno e pitoresco, com Miragaia de um lado e a Alfândega e o Douro em frente.

World Of Discoveries

Rua de Miragaia, 106, 4050-387 Porto

Dias úteis: 10:00-18:00 H; Fins de semana e feriados: 10-19:00 H.

Mais informações no site do WoD

Programa especial do 1º Aniversário do WoD aqui.