O sociólogo António Barreto esteve ontem no Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) a lançar o seu livro-álbum Douro – Rio, Gente e Vinho, editado pela Relógio D’Água. Nesta obra, Barreto traz-nos a sua visão sobre o novo Douro, após 20 anos de mudanças intensas e radicais, no modo como produz e comercializa o Vinho do Porto. É na verdade de um regresso que se trata, pois esta edição é uma versão aumentada e actualizadas das edições de Douro publicadas nos anos noventa.
Neste álbum podemos ver 230 fotografias, na maior parte inéditas e tiradas pelo sociólogo ao longo de 40 anos, mas também as visões de grandes fotógrafos que captaram a região com as suas objectivas desde meados do século XIX, como Joseph James Forrester, Emílio Biel ou Guedes de Oliveira.
E como é este Douro de António Barreto?
<<… o lugar de um feliz encontro. Nada faria prever que aquela região, outrora inóspita, fosse local propício para tão venturosa reunião. Da própria terra, vieram os lavradores e os trabalhadores da vinha e do lagar. De ali perto, dos vales do rio, os arrais e marinheiros. Do lado de lá da fronteira, a norte, os galegos, inesgotáveis construtores de muros e socalcos. Do Porto, adegueiros, administradores e comerciantes. Da Inglaterra e da Escócia, sobretudo, mas também da Holanda e de outros países, comerciantes, exportadores, colégios de Oxbridge, clubes de Londres e pubs de Edimburgo. Ao fazer um vinho excelente, toda esta gente fez também uma região, uma paisagem e uma cultura>>.
António Barreto considera o vinho do Porto o mais importante produto singular de Portugal para a história da humanidade, pois nenhum produto português foi tão conhecido no mundo durante um período de tempo tão alargado. Através do trabalho da fotografia, da forma e organização das pessoas na vinha e da configuração dos socalcos e dos vinhedos, percebe-se que o Douro está em mudança importante e acelerada, como o investigador declarou ontem à RTP.
Cabe-nos a nós descobri-lo, na sua multiplicidade de cores, olhares e sabores.