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A Casa Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia, acolhe até ao final de Agosto a dupla exposição Instrumentos Musicais Chineses e Os Bronzes na Antiguidade Chinesa. Trata-se de uma experiência única, porque todos os instrumentos expostos podem ser tocados pelos visitantes, que ouvirão os sons que vêm de longe na geografia e no tempo.

À entrada, sob o olhar da escultura de Eça de Queirós, podemos ver um Yun Luo (gongos das nuvens), composto por dez pequenos gongos, cada um com uma nota definida, numa réplica feita especificamente para esta mostra. A seu lado estão três elegantes instrumentos de sopro – um deles, o Tong Qing, é usado nos templos lama do Tibete e da Mongólia.

Mais majestoso e de traços requintados repousa, assente numa estrutura em forma de ave com patas de tigre, um colorido tambor com o nome Drum (original aqui). Familiar, não é? Afinal, os tambores são os mais antigos instrumentos do mundo e os primeiros foram encontrados na China, há mais de 7000 anos.

Na mesma sala está um Bian Zhong, carrilhão de bronze, instrumento único chinês formado por sinos esculpidos. O que mais impressionou foi no entanto o Bian Qing, um carrilhão de, imagine-se, pedras! Era usado na Idade da Pedra na bacia do rio Amarelo. Uma só pedra tem um peso considerável. Toquei com o martelo em todas elas, pois custava-me a acreditar que pudessem ser melódicas. Mas como são melódicas! Só experimentando se percebe. Estes dois carrilhões foram, ao longo de dois milénios, os mais importantes instrumentos de música ritual das famílias reais.

Há ainda uma cítara e um Grande Yang Qin, com caixa de ressonância em forma de borboleta. Com as suas delicadas baquetas de bambu pude sentir a sua famosa paleta de sons, que lhe permite assumir o papel de coro. Há ainda dois outros Qin, originários de há 3000 anos, para ver. O próprio Confúcio foi um dos seus executantes, como muitos outros nobres e governantes. Vários outros instrumentos de cordas percutidas e ainda cerâmicas sonoras completam esta viagem de descoberta dos sons do ancestral Império do Meio.

No piso de baixo do museu, a exposição Bronzes da Antiguidade Chinesa tem réplicas de objectos com quatro milénios e alguns exemplares originais. Das muitas peças expostas, achei mais interessantes, pela sua peculiaridade e elegância, dois objectos globulares apoiados em três pés cónicos: o Vaso Li, cuja forma provém de peças de terracota do Neolítico e que servia para cozinhar alimentos, e o recipiente He, uma espécie de bule com asa em forma de dragão usado para aquecer vinho durante a dinastia Shang. Penso que se Lewis Carrol o tivesse visto, teria sido este o modelo de bule com que o chapeleiro louco d’Alice no País das Maravilhas teria servido o chá.

Destaco também o recipiente Zun, um boi em bronze com um tigre sobre o dorso. Os Zun eram contentores de vinho utilizados em cerimónias religiosas. Vale a pena admirar as inscrições que remetem para o culto dos antepassados e os relevos com motivos de dragões, ovelhas ou macacos. São peças que nos falam dos lugares da Ásia onde, há mais de 5000 anos, o homem despertou para a Idade do Bronze.

Ambas as exposições têm a curadoria de Paulo Sá Machado, conhecido coleccionador do Porto. Contou-me que a ideia de as realizar partiu da própria Embaixada da China, quando conheceu a sua colecção de guerreiros castrejos. Na China, o coleccionador reuniu peças únicas que estavam dispersas por vários museus. Daí partiram para a Austrália, África do Sul, Alemanha e França até chegarem a Portugal, onde percorreram cerca de 20 municípios, sobretudo no Norte do país. Os instrumentos chineses têm em Gaia a sua última paragem antes de serem guardados em depósito. É bom viajar com estes sons.

 

Exposição Instrumentos Musicais Chineses e

Os Bronzes na Antiguidade Chinesa

Casa-Museu Teixeira Lopes

Rua Teixeira Lopes, 32, 4400-320 Vila Nova de Gaia
Tel.: 22 375 12 24
Como chegar: MetroLinha D (Amarela) – Câmara Gaia
Horário:
3ª a 6ª: 9h00 às 17h00, Sábados, Domingos e Feriados: 10h-12h00 e 14h00-17h00
Nota: Última entrada 1 hora antes do encerramento
Entrada Gratuita
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