Texto: Vera Dantas
Fotografia: Gabriela Ferreira
É em época de vindimas que a Região Demarcada do Douro se torna mais bela. E se a contemplação desta beleza se fizer pelo Rio Douro, então vive-se uma experiência absolutamente única e pacificadora.
É verdade que eu já tinha navegado as águas do Douro no passado, mas desta vez fui levada pela mão de Sara Dias da Oporto & Douro Moments numa viagem viagem tailor-made a conhecer algumas das melhores paragens durienses.
Da porta de minha casa, a Sara Dias levou-me, na sua confortável carrinha de 7 lugares, directamente ao Douro. À primeira paragem, em Mesão Frio, transforma a traseira do veículo num bar com requinte, vestindo de linho uma garrafa de Moscatel do Douro que logo nos serve em cálices, acompanhando o néctar de biscoitos de figo e amêndoa.
Em Folgosa do Douro esperava-nos já o simpático António Pinto, da empresa Douro à Vela. No cais, o “Entre Margens”, que em tempos já se chamou Dona Antónia e foi o primeiro barco a fazer o cruzeiro das sete pontes entre Porto e Gaia, convidava a um passeio. Recém-restaurado, voltou a navegar no Douro em Junho passado, de cara lavada e mostrando os tons quentes de madeira que tão bem se harmonizam com a paisagem.
A viagem de barco até ao Pinhão leva cerca de uma hora. Ao leme está outro António, o Chaves, sócio do Pinto, que me conta que estes passeios do “Entre Margens”, que transporta até 16 pessoas, podem preencher um dia inteiro, já que o Douro é navegável do Porto a Barca D’Alva. Nos passeios mais longos, a Douro à Vela mima os seus clientes com almoços e, claro, os bons vinhos da região.
Os dois Antónios vivem ligados ao leme. O António Pinto, que apropriadamente veste uma camisola de padrão náutico e tem todo a astúcia de explorador de marés, começou a fazer estes percursos com o “Libertus”, o barco à vela que está ancorado em Folgosa do Douro. Agora navega também no “Entre Margens” e deixou-me experimentar o leme deste barco, que desliza com delicada suavidade e precisão pelo leito do rio. Naquele dia estava sol mas, os Antónios querem operar também no Inverno, porque “o Douro não cansa e está sempre em mutação”, como lembra o António Chaves, que fez do Douro a sua morada permanente.
Depois de respirar o ar deste rio que estava banhado de sol, chegámos, deslizando, ao Pinhão. A paragem seguinte, seis quilómetros acima, foi o Miradouro de Casal de Loivos. Os verdes fortes das montanhas impunham-se mesmo através da forte luz do meio do dia. E o rio, que nos trouxera até aqui, parecia agora muito distante.
Nesta pequena povoação, a Sara Dias tinha-nos reservado uma surpresa: uma visita ao Museu do Azeite. Neste muito antigo lagar perfeitamente preservado e recuperado, fiquei a entender melhor o processo artesanal de fabrico do azeite, muito bem explicado pela Sandra e pelo Paulo Duarte, enólogo.
Seguindo uma tradição familiar que vai já na quarta geração, Paula e Duarte criaram a marca D’Origem, com vinhos de Denominação de Origem Controlada Douro “Velha Geração” e “Herança”, azeite, mel e sumo de uva, deliciosamente fresco. No seu lagar, três jovens sorridentes faziam, a ritmo certo e em sintonia, a pisa da uva tinta. O cheirinho a vinho doce, não fermentado era inebriante.
Como a fome se insinuava em crescendo, baixámos novamente ao Pinhão, onde a Sara nos reservara mesa no restaurante Vela Douro, junto à margem do rio. É uma casa especializada em grelhados, muito tenros e saborosos e a melhor para almoçar no Pinhão.
A curta distância, por entre as pequenas ruas desta vila coração do Douro, ergue-se a deslumbrante Quinta do Bomfim. Propriedade da Família Symington, esta quinta abriu portas aos visitantes em Maio deste ano e recebe-os com um conjunto raro de fotografias do Douro do início do século XIX, bem enquadradas por peças de ferramentas e instrumentos utilizados na viticultura e vinificação.
A história da quinta é evocada em documentos e avivada pela voz da guia que nos leva pelos vários espaços, até chegarmos ao antigo armazém de envelhecimento com quase 120 anos. É lá que ainda se guardam os centenários tonéis onde os vinhos de cada vindima iniciam o seu envelhecimento, para depois seguiram para as caves em Gaia.
O ponto alto da visita é a luminosa sala de provas. Aqui podemos provar os vinhos do Porto e Douro da Symington, cujo vinho Dow’s 2011 Vintage Port alcançou a classificação de melhor Vinho do Ano a nível mundial pela prestigiada revista Wine Spectator.
Desta sala tem-se acesso a uma idílica esplanada alinhada com a linha férrea do Douro e, mais abaixo o rio que se abre e reflecte a luz do sol que empresta ao terraço. Ao lado, água fresca crepita numa velha fonte de pedra.
Antes de dar por acabado o dia, houve tempo de entrar na Estação de Comboios do Pinhão. Por coincidência, fi-lo a tempo de assistir à pequena festa que se dava em torno do Combóio Histórico do Douro, com um rancho folclórico bem português a despertar boa disposição em redor.
A estação do Pinhão merece, só por si, uma visita, pelos seus históricos painéis que contam cenas da vida da região vitivinícola do Douro. Por isso a Sara Dias a incluiu na nossa tour como chave de ouro de um dia repleto de momentos inspiradores, em boa companhia e sem preocupações. Paragem seguinte: a porta da minha casa. É bom ser guiada assim!
Organização da Viagem: Oporto&DouroMoments
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